Em meu último editorial, argumentei se Mario poderia ou não ser considerado coisa de criança. Fato é que uma faixa etária específica não é o foco do produto final dos jogos, tampouco dos desenhos animados, por serem produções direcionadas para a família toda — mas uma mudança no paladar que só tomou forma com o passar dos anos foi algo que eu mesmo pude experimentar.
Como muitos podem se recordar, ou como muitos têm descoberto através do acervo de episódios restaurados publicados no canal MaxwelThuThu, o programa norte-americano The Super Mario Bros. Super Show! foi produzido pela DiC em 1989 com dois segmentos distintos: cada edição teria um episódio de desenho animado cercado de segmentos live-action estrelados pelos saudosos Lou Albano, Danny Wells e seus convidados. Isso tornou a numeração dos episódios tão distinta que não procuro mais indicá-los com precisão nas citações diárias do Reino do Cogumelo nas redes.
Em caráter de comparação, muitas crianças preferem o segmento animado, e os motivos não são difíceis de identificar. Nas distantes terras animadas do mundo dos cogumelos, há muito mais portas para a fantasia; as possibilidades são praticamente infinitas para que a Força da Massa dos caprichosos e carismáticos bombeiros hidráulicos do Brooklyn fosse liberada em seu pleno potencial. Piratas! Robôs! A secular arte do Pia-Fu!
Para mim, ambas as porções do programa eram complementares; um pouco de cada, na medida certa, soa dentro das minhas faculdades críticas como um equilíbrio perfeito. Mas foi apenas depois de atingir certa idade, me casar, e tornar-me pai de família, que passei a esboçar muito mais sorrisos com o segmento live-action.
Ao contrário das mil e uma trajetórias possíveis através dos encanamentos animados, os esquetes em live-action procuravam se manter dentro dos limites da Hidráulica dos Irmãos Mario. Ali, em um apartamento no Brooklyn, apresentavam-se dois operários de classe média esforçando-se diariamente para construir seu nome no ramo da construção civil, manter sua relevância profissional e pagar as contas no fim do mês. Mas isso não é o mais encantador: é o fato de serem felizes no processo.
Os irmãos Mario não veem seu trabalho com olhos cansados pelo peso da obrigatoriedade, mas com o brilho da paixão em fazê-lo. Muitas vezes, o fazem sem cobrar um tostão — como foi com o conserto do troféu de boliche de Magic Johnson em "Você Acredita em Mágica?".
São felizes ganhando pouco, comendo pizza, cozinhando molho marinara e esboçando um sorriso genuíno para sua caneca de barbear favorita. Repito: uma mera caneca de barbear, com força o suficiente para aquecer um coração, e para elevar um estado de espírito.
Por me ensinar, a este ponto da minha trajetória pessoal, a valorizar as coisas mais simples da vida, mesmo tendo de acordar cedo para vestir um uniforme e enfrentar o dia, eu agradeço aos irmãos Mario do segmento live-action. À imagem de Lou Albano e Danny Wells, às vozes de Antônio Patiño e Joméri Pozzoli, só tenho uma coisa a dizer: muito obrigado por tudo.