Music Room: "In the Final/The Grand Finale" (Mario & Luigi: Bowser's Inside Story)

Imagem: Reprodução/Nintendo

Quando falamos de jogos, geralmente falamos de arquétipos que podem ser usados tanto em uma estrutura narrativa quanto em uma gameplay simples! Um dos arquétipos mais comuns que se vê é a famosa “Jornada do Herói”, que geralmente começa simples, mas com um conflito que vai escalando até chegarmos no ponto mais alto da história, o famoso clímax, que é o herói contra o seu obstáculo.

Nos videogames, isso não é diferente. Na franquia Super Mario, nós geralmente enfrentamos o Bowser de várias formas diferentes; mas e nos casos em que o Bowser é o aliado, quem nós enfrentamos? Na maioria dos RPGs, por exemplo, o Bowser é um aliado ou ameaça menor, ficando mais como um obstáculo inconveniente no final (como em Mario & Luigi: Partners in Time) ou permanecendo como um aliado até o fim da jornada (como em Paper Mario: The Origami King); mas e quanto a versões alternativas ou cópias do rei Koopa?

Acredito que já dá para saber aonde quero chegar, né? Mario & Luigi: Bowser’s Inside Story é um clássico RPG do Nintendo DS que acredito que muitos tiveram o prazer de jogar; o game é a 3ª aventura seguida da dupla de irmãos encanadores e traz o retorno de um antigo vilão que eles enfrentaram ainda em Mario & Luigi: Superstar Saga: Fawful! Eu não quero dar muitos spoilers sobre o jogo, mesmo ele sendo velho, mas só vou adiantar que o Fawful fez o Bowser acidentalmente sugar os irmãos para dentro de si, enquanto o próprio Fawful, lentamente, orquestrava um plano para usar os poderes da Dark Star — um objeto que concede habilidades incríveis a quem o usa, além de ser capaz de criar clones de seres poderosos.

Finalizando essa introdução, a música que falaremos hoje é uma batalha de “original contra cópia”, onde Bowser enfrenta Dark Bowser enquanto os irmãos Mario enfrentam o próprio núcleo sombrio que se fundiu a Fawful, e a música não poderia ter um nome mais adequado do que “In the Final”!

“In the Final / The Grand Finale”

Jogo: Mario & Luigi: Bowser’s Inside Story (2009)

Compositora: Yoko Shimomura

Primeiramente, nunca deem um piano para a Shimomura, eles acabam destruídos no instante em que ela termina suas músicas... Claro, isso é uma ironia, mas com um tom de verdade. Quando ela toca o piano, muitas das suas melhores composições vêm à tona, e isso não seria diferente para uma música de Boss final, um chefe que ameaça todo o reino com nuvens negras e um poder avassalador, e o único capaz de impedi-lo é um rei maligno que está com raiva — não porque ele foi “copiado”, mas porque o Reino Cogumelo é dele para conquistar, e de mais ninguém.

Essa é possivelmente a música mais complexa que já cobri aqui nesse quadro, com o uso constante de vários instrumentos de uma vez só: um sintetizador complexo e um grande piano até para as batidas mais simples. Fica claro que essa música foi feita por uma Yoko Shimomura mais experiente com sons orquestrados (tendo já trabalhado na incrível trilha sonora de Kingdom Hearts, por exemplo) e isso reflete na qualidade da música; porém, ouso falar que a qualidade da música em si não seria nada se não fosse o momento do jogo que ela é usada, assim como o contrário também é verdade.

A música começa com os sons sintetizados mais altos primeiro, um método comum em RPGs para encontros de combate: começar com sons altos para demonstrar um choque e/ou surpresa, enquanto diminui esse ritmo para dar mais abertura para notas musicais... Essa variação de sons é acompanhada por instrumentos de percussão, possivelmente baterias, que nos levam para os instrumentos centrais: o violino e o piano, ambos acompanhados pelo sintetizador para que o som mantenha a mesma harmonia do começo.

Muitos dos exemplos que citei acima são comumente usados em músicas de combate mais simples até, porém a escolha de notas que acompanham “In the Final” fazem com que a mesma fique marcante como uma música de Final Boss, e isso fica óbvio na “ponte” da trilha, que usa mais batidas fortes do que suaves e continuam ao mesmo ritmo de antes. Embora a música em si não tenha nenhum leitmotif que seja usado para atribuir o tema a algo da Dark Star, ela não precisa: a Dark Star em si é uma presença terrível e o fato de uma música tão épica acompanhar a luta dela já dá indício do quão perigosa, ou nas palavras de Bowser, esta “incrível batalha final” vai ser.

Finalizando, é uma excelente composição que nos prova mais uma vez que Yoko Shimomura é uma musa musical e que suas composições deixam todos os RPGs de Mario em que ela trabalhou incríveis!