Jogar video games aos montes e entender tudo sobre a mídia do entretenimento interativo é fácil. Difícil mesmo é ser um comediante, mestre em matemática, jogador de video game e ainda arranjar tempo para compor paródias de músicas clássicas de gênero MPB. Essa é a vida de Marcos Castro, o gênio dos vlogs, piadas e cantadas (ou seriam "contadas"?) que alcançaram a bandeira do sucesso se alastrando pelo YouTube e por vários eventos humorísticos e programas de televisão. A equipe Reino do Cogumelo teve o prazer de entrevistar Marcos Castro tanto pelo sucesso da série Um Joystick, Um Violão quanto por seu caráter nerd e humorístico, que pesca a atenção dos geeks como o Lakitu a um kart afundado na lagoa. Confira a entrevista na íntegra logo a seguir:
RdC: Olá, Marcos! Como vai de HP? Já conhecia o Reino do Cogumelo?
Marcos Castro: Meu HP está 80% porque estou com gripe. Será que um chá de cogumelos me faria bem? Desculpe, o trocadilho com cogumelos foi mais forte do que eu. E, sim, já conhecia o Reino do Cogumelo — até porque mesmo que não conhecesse eu diria que conhec... ops, fique com essa dúvida aí agora.
RdC: De onde veio a inspiração para Um Joystick, Um Violão? Vocês planejavam desde o início torná-la uma série recorrente?
MC: Bom, eu toco violão há 12 anos, e durante esses anos todos eu sempre tirei de ouvido músicas de jogos que marcaram minha infância, como Mario, Sonic, Zelda e Street Fighter. Quando comecei a fazer o meu vlog, eu tentava dar um jeito de encaixar essas músicas em algum vídeo. Um dia eu estava com o violão de brincadeira tocando Aquarela (do Toquinho) e, ao invés de cantar "e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo", eu cantei "nanananananana a princesa tá em outro castelo". Meu irmão estava do lado e começou a completar a música com outras referências de jogos. Para não perder o momento de criatividade, fui pro computador e continuamos essa brincadeira. Em menos de vinte minutos a letra estava pronta.
Depois disso inseri o tema da Green Hill Zone do Sonic — seguido da música de Game Over do Mario — e coloquei no final do meu vlog sobre videogames. A repercussão foi tão legal que eu fiz um video separado apenas com a música. Quando vi que os blogs Jacaré Banguela, Não Intendo e Sedentário & Hiperativo tinham divulgado o video, aí paramos pra pensar e vimos que algo bom poderia sair daí.
RdC: Como é o processo da alteração das letras? Vocês reformulam a música muitas vezes?
MC: É bem variado, na verdade. Cada música teve um processo, e cada música levou tempos diferentes para ficar pronta. A letra de "Aquarela" foi criada em 20 minutos, enquanto "Assim Sem Você" levou mais de uma semana e foi um processo mais metódico, em que passamos horas procurando por cada ideia e cada rima que ficasse perfeita na música.
RdC: Em Um Joystick, Um Violão, prevalece uma forte tendência retrô. Vocês se consideram mais retrogamers do que jogadores contemporâneos?
MC: Sim, sem dúvida. Hoje em dia eu viajo e trabalho bastante, então não consigo acompanhar tanto a evolução dos games como antes. Juntando isso ao fato de que tudo o que é nostálgico tem um gostinho especial, a gente acaba focando nos jogos antigos e nas franquias que fazem sucesso até hoje.
RdC: Quais são seus jogos, consoles e franquias favoritos de video games?
MC: Eu e Matheus somos praticamente “yin-yang” em tudo na vida, e não seria diferente nos games. Os meus jogos favoritos são aqueles que ao longo da minha vida me desafiaram e me prenderam durante horas e horas. Separando alguns, posso listar a primeira geração de jogos do Sonic (desde Sonic 1 até Sonic 3 & Knuckles), Shining Force II, Chrono Trigger, Mario 64 e Dragon Quest VIII. Acompanho também o FIFA desde o primeiro, em 1994, depois passei para o Winning Eleven em 2001 e em 2010 o bom filho à casa voltou. Hoje em dia no tempo livre que tenho jogo FIFA 11, Super Street Fighter IV e Mortal Kombat.
MC: Já o meu irmão gosta de jogos de todas as épocas, de diversos sistemas e gêneros, então é difícil montar uma lista que faça jus ao que ele realmente gosta. Mas, já que é para listar alguns, que sejam esses: Earthbound, ICO, Shadow of the Colossus, Gunstar Heroes, Metal Slug, Half-Life 2, Sonic 3 & Knuckles e Yoshi's Island. E dos jogos mais atuais, Just Cause 2, Demon's Souls, Portal 1 & 2, Braid, Super Meat Boy e a série de jogos PixelJunk (Shooter, Eden, Monsters e Racers).
RdC: Já jogou os últimos jogos do Mario, como Super Mario 3D Land e Mario Kart 7? Se sim, o que achou deles? Se não, espera jogar?
MC: Ainda não joguei, só vi pelo YouTube. Particularmente gostei bastante, pelo vídeo não deve nada aos outros sucessos. Não conta para ninguém, mas nós nunca tivemos nenhum console da Nintendo! Não nos matem por isso! Eu até queria um Super Nintendo quando era menor, mas meu pai comprou um Mega Drive. A culpa é dele! Fica como projeto para 2012 comprar um Nintendo 3DS. Aí eu respondo direito sua pergunta.
RdC: Na música "Somos Amigos", você menciona que os bandidos dos games têm agido "desde o Atari até o Nintendo Wii". Sua experiência com video games compreende todo esse período de tempo?
MC: Sim, mas nosso primeiro console foi o Master System. Atari e Nintendinho só esporadicamente na casa de amigos — isso quando deixavam a gente jogar. Tinha vezes que só olhava. Sofri bullying e não sabia.
RdC: Durante a canção "Sina", vocês afirmam jamais escolherem a Princesa Peach em Super Mario Bros. 2. Isso é verdade?
MC: Nós sabemos que a Peach é uma boa alternativa no SMB2, mas é que nossa vontade de rimar “art nouveau” com “ah, não vou” foi maior. Chamo isso de licença poética.
RdC: O que muitas pessoas se esquecem é de que você (Marcos), além de comediante e músico, também é matemático. Acredita-se que os eventos de Super Paper Mario (Wii) envolvam a teoria da relatividade geral e a geometria do espaço-tempo, entre outras hipóteses modernas que sugerem a existência de nove, dez ou até onze dimensões paralelas distintas. Você costuma associar a matemática aos video games? E alguma vez os games o ajudaram a construir sua experiência como matemático?
MC: Além de matemático eu fiz cinco períodos de Ciência da Computação, e nesse período eu programei algumas coisinhas usando a biblioteca do OpenGL. Uma das coisas que precisei usar, por exemplo, foi a equação do movimento de lançamento de projéteis para fazer o movimento de um goleiro pulando numa disputa de pênaltis. Os jogos de hoje em dia são muito mais fiéis às leis da Física, e as leis da Física são regidas pela Matemática. Eu não só consigo associar a Matemática aos video games, como também não consigo dissociar! Os dois fazem parte da minha vida. Além disso, os videogames nos ajudam a pensar mais rápido, visualizar padrões e tomar decisões para chegar num objetivo — isso tudo baseado num raciocínio lógico e às vezes intuitivo. E não é que são os mesmos pré-requisitos para um matemático chegar a uma solução de um problema?
RdC: Para descontrair: ainda com base na paródia de "Somos Amigos", como seria um game do Mario se o Goomba fosse o maior vilão?
MC: Acho que seria o jogo com o chefe mais fácil da história. Na verdade, não, perderia para esse:
RdC: Game over! Só resta mandar um recado aos seus milhares de fãs e a todos os nintendistas de plantão.
MC: Joguem videogame sempre! Menos no trabalho, porque aí você pode ser demitido. Ah, compro Nintendo 3DS em perfeito estado, usado e barato.
RdC: Olá, Marcos! Como vai de HP? Já conhecia o Reino do Cogumelo?
Marcos Castro: Meu HP está 80% porque estou com gripe. Será que um chá de cogumelos me faria bem? Desculpe, o trocadilho com cogumelos foi mais forte do que eu. E, sim, já conhecia o Reino do Cogumelo — até porque mesmo que não conhecesse eu diria que conhec... ops, fique com essa dúvida aí agora.
RdC: De onde veio a inspiração para Um Joystick, Um Violão? Vocês planejavam desde o início torná-la uma série recorrente?
MC: Bom, eu toco violão há 12 anos, e durante esses anos todos eu sempre tirei de ouvido músicas de jogos que marcaram minha infância, como Mario, Sonic, Zelda e Street Fighter. Quando comecei a fazer o meu vlog, eu tentava dar um jeito de encaixar essas músicas em algum vídeo. Um dia eu estava com o violão de brincadeira tocando Aquarela (do Toquinho) e, ao invés de cantar "e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo", eu cantei "nanananananana a princesa tá em outro castelo". Meu irmão estava do lado e começou a completar a música com outras referências de jogos. Para não perder o momento de criatividade, fui pro computador e continuamos essa brincadeira. Em menos de vinte minutos a letra estava pronta.
Depois disso inseri o tema da Green Hill Zone do Sonic — seguido da música de Game Over do Mario — e coloquei no final do meu vlog sobre videogames. A repercussão foi tão legal que eu fiz um video separado apenas com a música. Quando vi que os blogs Jacaré Banguela, Não Intendo e Sedentário & Hiperativo tinham divulgado o video, aí paramos pra pensar e vimos que algo bom poderia sair daí.
RdC: Como é o processo da alteração das letras? Vocês reformulam a música muitas vezes?
MC: É bem variado, na verdade. Cada música teve um processo, e cada música levou tempos diferentes para ficar pronta. A letra de "Aquarela" foi criada em 20 minutos, enquanto "Assim Sem Você" levou mais de uma semana e foi um processo mais metódico, em que passamos horas procurando por cada ideia e cada rima que ficasse perfeita na música.
RdC: Em Um Joystick, Um Violão, prevalece uma forte tendência retrô. Vocês se consideram mais retrogamers do que jogadores contemporâneos?
MC: Sim, sem dúvida. Hoje em dia eu viajo e trabalho bastante, então não consigo acompanhar tanto a evolução dos games como antes. Juntando isso ao fato de que tudo o que é nostálgico tem um gostinho especial, a gente acaba focando nos jogos antigos e nas franquias que fazem sucesso até hoje.
RdC: Quais são seus jogos, consoles e franquias favoritos de video games?
MC: Eu e Matheus somos praticamente “yin-yang” em tudo na vida, e não seria diferente nos games. Os meus jogos favoritos são aqueles que ao longo da minha vida me desafiaram e me prenderam durante horas e horas. Separando alguns, posso listar a primeira geração de jogos do Sonic (desde Sonic 1 até Sonic 3 & Knuckles), Shining Force II, Chrono Trigger, Mario 64 e Dragon Quest VIII. Acompanho também o FIFA desde o primeiro, em 1994, depois passei para o Winning Eleven em 2001 e em 2010 o bom filho à casa voltou. Hoje em dia no tempo livre que tenho jogo FIFA 11, Super Street Fighter IV e Mortal Kombat.
MC: Já o meu irmão gosta de jogos de todas as épocas, de diversos sistemas e gêneros, então é difícil montar uma lista que faça jus ao que ele realmente gosta. Mas, já que é para listar alguns, que sejam esses: Earthbound, ICO, Shadow of the Colossus, Gunstar Heroes, Metal Slug, Half-Life 2, Sonic 3 & Knuckles e Yoshi's Island. E dos jogos mais atuais, Just Cause 2, Demon's Souls, Portal 1 & 2, Braid, Super Meat Boy e a série de jogos PixelJunk (Shooter, Eden, Monsters e Racers).
RdC: Já jogou os últimos jogos do Mario, como Super Mario 3D Land e Mario Kart 7? Se sim, o que achou deles? Se não, espera jogar?
MC: Ainda não joguei, só vi pelo YouTube. Particularmente gostei bastante, pelo vídeo não deve nada aos outros sucessos. Não conta para ninguém, mas nós nunca tivemos nenhum console da Nintendo! Não nos matem por isso! Eu até queria um Super Nintendo quando era menor, mas meu pai comprou um Mega Drive. A culpa é dele! Fica como projeto para 2012 comprar um Nintendo 3DS. Aí eu respondo direito sua pergunta.
RdC: Na música "Somos Amigos", você menciona que os bandidos dos games têm agido "desde o Atari até o Nintendo Wii". Sua experiência com video games compreende todo esse período de tempo?
MC: Sim, mas nosso primeiro console foi o Master System. Atari e Nintendinho só esporadicamente na casa de amigos — isso quando deixavam a gente jogar. Tinha vezes que só olhava. Sofri bullying e não sabia.
RdC: Durante a canção "Sina", vocês afirmam jamais escolherem a Princesa Peach em Super Mario Bros. 2. Isso é verdade?
MC: Nós sabemos que a Peach é uma boa alternativa no SMB2, mas é que nossa vontade de rimar “art nouveau” com “ah, não vou” foi maior. Chamo isso de licença poética.
RdC: O que muitas pessoas se esquecem é de que você (Marcos), além de comediante e músico, também é matemático. Acredita-se que os eventos de Super Paper Mario (Wii) envolvam a teoria da relatividade geral e a geometria do espaço-tempo, entre outras hipóteses modernas que sugerem a existência de nove, dez ou até onze dimensões paralelas distintas. Você costuma associar a matemática aos video games? E alguma vez os games o ajudaram a construir sua experiência como matemático?
MC: Além de matemático eu fiz cinco períodos de Ciência da Computação, e nesse período eu programei algumas coisinhas usando a biblioteca do OpenGL. Uma das coisas que precisei usar, por exemplo, foi a equação do movimento de lançamento de projéteis para fazer o movimento de um goleiro pulando numa disputa de pênaltis. Os jogos de hoje em dia são muito mais fiéis às leis da Física, e as leis da Física são regidas pela Matemática. Eu não só consigo associar a Matemática aos video games, como também não consigo dissociar! Os dois fazem parte da minha vida. Além disso, os videogames nos ajudam a pensar mais rápido, visualizar padrões e tomar decisões para chegar num objetivo — isso tudo baseado num raciocínio lógico e às vezes intuitivo. E não é que são os mesmos pré-requisitos para um matemático chegar a uma solução de um problema?
RdC: Para descontrair: ainda com base na paródia de "Somos Amigos", como seria um game do Mario se o Goomba fosse o maior vilão?
MC: Acho que seria o jogo com o chefe mais fácil da história. Na verdade, não, perderia para esse:
RdC: Game over! Só resta mandar um recado aos seus milhares de fãs e a todos os nintendistas de plantão.
MC: Joguem videogame sempre! Menos no trabalho, porque aí você pode ser demitido. Ah, compro Nintendo 3DS em perfeito estado, usado e barato.
O carioca Marcos Castro é um humorista e Mestre em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Usando de um humor cotidiano, sem apelar para efeitos visuais, personagens ou adereços, Marcos Castro tem feito diversos shows de stand-up comedy e marcado presença em clubes de comédia — como o Comédia em Pé, Clube da Comédia, Comédia ao Vivo, Comedians, entre outros — e em programas televisivos — como o Domingão do Faustão, Programa do Jô, A Praça é Nossa, entre outros. Na internet, acumula mais de 10 milhões de visualizações e 50.000 inscritos em seu canal no YouTube, onde conquista a admiração dos geeks e gamers com tópicos relacionados à cultura pop jovem.
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Sou fã dos irmãos Castro muito boa as musicas deles sem contar que o Marcos é um ótimo humoristas. Parabens ae e continue com o trabalho :D
ResponderExcluirMuito legal ^^
ResponderExcluir"Nós sabemos que a Peach é uma boa alternativa no SMB2, mas é que nossa vontade de rimar 'art nouveau' com 'ah, não vou' foi maior."
Mas ele não rimou "ah não vou" com "Toad"? xD