Reino do Cogumelo no Concerto para Juventude: saiba como foi a apresentação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre

Quem diria que, no Brasil, seria apresentado um concerto centrado no entretenimento interativo que não fosse absurdamente caro — ou melhor, que fosse de entrada franca? Foi essa a experiência que os gaúchos tiveram com o Concerto para Juventude, realizado pela OSPA — a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre — em homenagem ao dia das crianças e ao elemento nostalgia eternamente marcado no coração de todos os interessados. O concerto aconteceu no último domingo, dia 16 de outubro de 2011, e tomou como palco o Salão de Atos da UFRGS. A equipe Reino do Cogumelo esteve no evento para firmar nossas impressões e permanecer sentados, silenciosamente desfrutando do talento dos compositores e músicos e liberando secretamente uma chuva de arco-íris pelos olhos. Também fizemos uma cobertura ao vivo da orquestra por meio do Twitter do Reino do Cogumelo.

O concerto estava sob a regência do centrado, porém simpático maestro Manfredo Schmiedt. Mestrado em Regência pela Universidade da Geórgia (Estados Unidos) e graduado no mesmo curso pela UFRGS, Manfredo Schmiedt já foi condecorado com os prêmios Pi Kappa Lambda Music Honor Society e Director's Excellence Award, além de receber o Prêmio Açorianos de Música e participar de uma série de outras premiações e regências.

O aconchegante, convidativo Salão de Atos da UFRGS foi o palco perfeito para o programa. Antes mesmo do concerto começar, os músicos aqueciam suas cordas e habilidades em testes individuais, gerando pequenas melodias aleatórias enquanto preparávamos nossos ouvidos. Ainda que, primeiro, seriam executados vários arranjos não relacionados a video games, o rapaz do xilofone parecia particularmente empolgado com o grand finale — visto que tocava, sutilmente, o tema de Super Mario Bros. lançando uma faísca a mais em nossas expectativas.

Após a apresentação do maestro, o programa teve início: foi reproduzida a Sinfonia nº 1, Op. 7, de Carl Nielsen — considerado por muitos o maior compositor da Dinamarca. Em seguida, a orquestra se ausentou enquanto o maestro Manfredo Schmiedt convidou o Cuarteto 4 Mil, da Argentina, para executar em arranjo de saxofones Historia del Tango — Night Club 1960, de Autor Piazzola. O solo contou com os hermanos Emiliano Barri, Emanuel Brusa, Alejandro Bidegain e Pablo Mosteirin. Um deles, estava com uma perna contundida — o que não o impediu de subir ao palco e ser parte fundamental de uma melodia simplesmente incrível.

A terceira obra, West Side Story — Selections for Orchestra, de Leonard Bernstein, reuniu a orquestra novamente. Note que as músicas escolhidas para o evento envolvem memórias profundas de arranjos clássicos que melhor representam o tema juvenil. O que procedeu foi a equipe Reino do Cogumelo falhando em conter a empolgação com o mais esperado anúncio do maestro: "quem aqui gosta de video game?", disse Schmiedt, seguido da hilariante auto-confirmação: "eu gosto".

O responsável pelo arranjo da sinfonia Play the Game — Clássicos do Videogame foi Alexandre Ostrovski Jr., o trompista da OSPA, que fez um trabalho excelente ao reunir, numa só obra, as maiores fontes de nostalgia de um gamer da atualidade.

O arranjo começou com o encanador baixinho mais respeitável da história dos video games: Mario. A começar pela melodia principal de Super Mario Bros., composta pelo gênio musical japonês Koji Kondo, a melodia orquestrada passou pelo tema da Super Estrela — o que considero a culminação da obra. Em toda a minha história como pesquisador, fã e divulgador da franquia Mario, eu jamais escutei um arranjo tão bem trabalhado do tema de invencibilidade do encanador extraordinário. E, para confirmar ao público gamer que estava presente na plateia que Alexandre Ostrovski Jr. é um fã dos jogos da Nintendo, a melodia emendou não com um tema de título de algum outro jogo da série principal — e sim, com o tema dos créditos do saudoso Mario Kart 64, que só pode ser escutado ao vencer as corridas do modo 150CC. A canção parece ter sido criada por Koji Kondo para ser executada por uma orquestra, tamanha a fluidez e adequação de sua versão sinfônica.

O tema do desenho animado Sonic the Hedgehog foi outro ponto altíssimo do evento. Enquanto me silenciava, era impossível para a mente não reproduzir em pensamento, paralelo à sinfonia, a letra da canção. Ele é veloz, Sonic, o Ouriço... Já foi, já passou por nós, Sonic, o Ouriço! Seguido do tema animado do raio azul, também ouvimos o tema de Top Gear e algumas outras melodias cujas origens, infelizmente, não nos vieram à mente.

Fique com as imagens do evento:






Quer saber como na íntegra como foi a obra Play the Game? O vídeo abaixo foi gravado por Camila Schäfer, editora do Console Sonoro. Aproveite, porque essa é a única chance que você tem de esbanjar gritos de empolgação no meio das sinfonias: