A história narrativa do Mario no Brasil: conheça as vezes em que o encanador já visitou nossa pátria antes dos Jogos Olímpicos 2016

Quando os primeiros títulos da série Mario & Sonic at the Olympic Games foram lançados, o interesse geral dos fãs de ambas as franquias foi despertado pelo elemento crossover. Tendo início no Wii e DS em meados de 2007 quando a Sega adquiriu uma licença para produzir games baseados nos Jogos Olímpicos e a Nintendo aprovou o uso de seus personagens para o projeto devido à atmosfera competitiva, parecia que, finalmente, a família do encanador extraordinário e a trupe de criaturas fantásticas ficariam cara a cara para dar um fim às suas ácidas intrigas dos anos '90 de uma vez por todas. Divertida, a série foi bem recebida pela mídia e se tornou um reflexo de várias Olimpíadas, de verão a inverno, a partir de então. A estadia dos nossos heróis eletrônicos de infância aqui no Mundo Real começou em Pequim (2008) e arrastou-se para Vancouver (2010), Londres (2012), Sochi (2013) e, finalmente, no Rio de Janeiro, agora, em 2016.

Os Jogos Olímpicos Rio 2016 fizeram com que os personagens de Mario e Sonic deixassem sua extensa luta contra gênios malignos e dragões megalomaníacos para nos agraciar com sua tão especial visita em solo tupiniquim. Um feito inédito na história de Super Mario, certo?!

Errado! Fato é que o Brasil não é terreno desconhecido para os encanadores aventureiros da série Mario extensa. Eles já vieram para cá em jogos mais antigos e obscuros e, por que não, em mídias alternativas como nos desenhos animados do começo dos anos '90. Vamos revisitar estes momentos — alguns nem tão gloriosos assim — numa breve retrospectiva.

Mas que nada!

Muito antes de hospedar as Olimpíadas, o Rio de Janeiro já foi vitimado por Bowser e seus Koopa Troopas em meados de 1993. O evento aconteceu em Mario is Missing!, um jogo eletrônico educativo desenvolvido pela The Software Toolworks (Mindscape) para MS-DOS, SNES, NES e MAC. Na história, a grande majestade dos Koopas decide pôr em prática um plano nada convencional: inundar o planeta usando secadores de cabelo saqueados de uma empresa chamada Hafta Havit Mail-Order para derreter os polos da Terra. Não pondere muito a respeito do enredo; de longe, não foi a parceria mais brilhante já acordada pela Nintendo! Para tanto, Bowser, instalado no coração da frigida Antártida, faz com que seus peões trafeguem pelo seu poderoso Passcode Operated Remote Transport and Larceny System ("sistema de transporte e furto remotamente operado por senha", ou P.O.R.T.A.L.S.), capaz de abrir portais de teletransporte entre importantes pontos turísticos do Mundo Real. A quinta porta da América do Sul na versão para PC e uma das entradas do terceiro andar na versão para SNES nos levam a uma versão nem tão maravilhosa da cidade do Rio de Janeiro.


Perdido no Rio de Janeiro? Esse mapa pode te ajudar!
Assim como em todas as cidades que apareceram no game, Luigi tinha de retomar valiosos artefatos do Rio de Janeiro que haviam sido roubados pelos asseclas de Bowser. Que tipo de artefatos os pequenos monstrinhos poderiam carregar em seus braços, você pergunta? Nada mais, nada menos que a estátua do Cristo Redentor, a praia de Copacabana e a montanha do Pão de Açúcar. Como seria possível andar por aí com um monumento de 700 toneladas? Como afanar uma praia inteira de 4.5 quilômetros, segundo o panfleto de informações obtido dentro do próprio jogo? Em Mario is Missing!, não cabe a nós questionar — apenas respirar fundo e continuar na tentativa de completar as mais bizarras tarefas da história dos video games!

Ao ser transportado para uma cidade, você nunca sabe de cara onde está. É sempre uma viagem às escuras, muitas vezes só de ida, que testará seus conhecimentos em história e geografia para que você possa determinar sua localização precisa. Receber dicas dos transeuntes é uma das principais formas de se conseguir informações, e esta talvez seja uma das únicas porções verdadeiramente interessantes do game de "entretenimento educativo" (uma fórmula que quase nunca deu certo). Veja as dicas descritas pelos personagens não jogáveis sobre o Brasil:

    Garoto:
  • "Ao sul, fica a Argentina, à sua esquerda, o Peru. Se eu fosse você, eu refinaria meu português."
  • "'Rio' significa 'river', e 'de' significa 'of'. O que será que 'Janeiro' significa?"
    Turista:
  • "Sua capital é Brasília, mas não é lá que você está. Este lugar é mais carnavalesco, pelo que ouvi."
  • "É a terra do samba e mamba, a música-alma de Brasília."
    Empresária:
  • "Espero que tenha trazido seu traje de mergulho, esta cidade fica na famosa costa brasileira."
  • "Rio está exatamente sobre o Trópico de Câncer."
    Cientista:
  • "Cobre cerca de metade da América do Sul. É o quinto maior país do mundo!"
  • "O Brasil foi descoberto pelos portugueses em 1500. Você achou que eles falavam espanhol, não é?"
    Policial:
  • "Você finalmente chegou ao Rio de Janeiro, o trópico sul-americano do Brasil."
Há de se concordar que ver um importante município brasileiro sendo homenageado na época dos 16-bits é algo bem admirável. No entanto, o enredo maluco e a jogabilidade risível de Mario is Missing! fizeram com que esse tributo passasse despercebido aos olhos de muitos — especialmente dos próprios brasileiros, que, felizmente ou não, tiveram pouco acesso ao jogo.

Salve o Coração da Amazônia


Super Mario na Amazônia
The Adventures of Super Mario Bros. 3, lançada no Brasil sob o título resumido de Super Mario Bros., é certamente uma das séries animadas norte-americanas mais nostálgicas dos anos '90. No 22º episódio da série, "7 Continentes para 7 Koopas", oficialmente lançado em novembro de 1990, o Rei Koopa, numa das mais formidáveis tentativas de conquistar o Mundo Real, dá varinhas mágicas aos seus sete Koopalings (ou "Koopalinhos", segundo a dublagem brasileira da época) e lhes dá a tarefa de liberar sua criatividade usando sua magia quase onipotente sobre cada um dos continentes.

O responsável pela América do Sul não era ninguém menos que Hop Koopa, a contraparte animada de Iggy Koopa — o gênio biruta do clã dos filhos do rei. Embora o Brasil em si não tenha sido mencionado na animação, um de seus maiores patrimônios, a Floresta Amazônica, foi alvo da mente insana de Hop, que usou o poder em suas mãos para desmatá-la de uma forma singular: transformando-a num colossal estacionamento de carros.

Antes que Hop pudesse encontrar uma forma de obter milhões de carros para preencher o novo estacionamento amazônico, felizmente, Mario e sua trupe deram as caras para salvar a floresta, usando a própria varinha mágica de Hop para restaurá-la completamente à sua beleza original.

Uma porção da população sul-americana no cartum foi retratada como caçadores primitivos empunhados com lanças. Esta pode ter sido uma homenagem às peculiares tribos brasileiras, especialmente as instaladas no coração da selva amazônica.

Por falar na Amazônia, Virtual Boy Wario Land, uma aventura obscura em tons de preto e vermelho lançada para o extinto e não muito bem sucedido console portátil Virtual Boy em 1995, acontece num lugar chamado Awazon river basin, algo como a bacia hidrográfica de "Awazonas". É uma nítida homenagem ao rio Amazonas, conhecido por ser o mais extenso do mundo com seus quase 7 milhões de quilômetros. Uma pena a primeira tentativa da Nintendo de criar um portátil com visuais em 3D ter sido praticamente um fracasso comercial; a jornada de Wario por uma versão de cabeça para baixo dos arredores do grande rio amazonense pode ter sido muito divertida!

Please come to Brazil!

Com muito suor, lágrimas e vitórias, as Olimpíadas do Rio 2016 podem ter chegado ao fim, mas a presença virtual dos maiores heróis do entretenimento em terreno brasuca sempre terá um lugar especial em nossas memórias. Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games chegou para dar um toque infinitamente especial nos cenários brasileiros, fazendo a alegria e a alegoria de quem se depara com incríveis versões interativas de nossas praias e estádios. Obrigado, Sega!
E mais: Mario, o encanador extraordinário? Sonic, o raio azul? É hora da verdade! Mostre aos seus amigos nas redes sociais de que lado você está em Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games!
Eduardo Jardim

Natural de São Paulo (SP), Eduardo "Pengor" Jardim é um criador de conteúdo, ilustrador e imaginauta. Criou o Reino do Cogumelo em 2007 e desde então administra e atualiza seu conteúdo, conquistando dois prêmios Top Blog e passagens pela saudosa Nintendo World.

3 Comentários

  1. Bom artigo. Curiosamente, uma das informações do Mario is Missing sobre o Rio está equivocada; a de que a cidade está acima do Trópico de Câncer, quando na verdade está acima do Trópico de Capricórnio.

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  2. Sou um verdadeiro apaixonado pelo seu site. Artigos como esse elevam a minha admiração por nintendistas, como eu. Viva essa empresa!

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  3. Agradeço enormemente pelos elogios e pelo prestígio! Vocês são number one!

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