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Imagem: Yakumono (LuigiBlood)/Retro Game Mechanics Explained via Reprodução/Nintendo |
A coletânea Super Mario All-Stars para os consoles da família SNES foi um dos maiores acertos da Nintendo, acumulando críticas positivas desde a época de seu lançamento em 1993. E não é para menos: além de dar uma guinada nos gráficos de Super Mario Bros., Super Mario Bros. 2, Super Mario Bros. 3 e Super Mario Bros.: The Lost Levels, esta foi a primeira vez em que este último, considerado como o "Super Mario Bros. 2 do Japão", deu as caras no ocidente.
Embora a esmagadora maioria das alterações implementadas nos remakes tenha sido positiva, existe um pequeno detalhe que incomoda os jogadores, especialmente os speedrunners: a física dos blocos da versão Super Mario All-Stars de Super Mario Bros. e Super Mario Bros.: The Lost Levels é muito diferente de suas contrapartes em 8 bits.
A física dos blocos da versão Super Mario All-Stars de Super Mario Bros. e Super Mario Bros.: The Lost Levels é muito diferente de suas contrapartes em 8 bits
O princípio do problema acontece quando, durante uma corrida, Mario ou Luigi saltam para quebrar um bloco — ou seja, os tijolos marrons que são espalhados ao longo de todo o jogo, conhecidos em inglês como Brick Blocks, que podem ser destruídos quando não contêm itens secretos e contanto que os protagonistas estejam em sua forma maior, resultado dos efeitos de um supercogumelo.
Acontece que, nas versões originais para NES de Super Mario Bros. e Super Mario Bros.: The Lost Levels, ambos disponíveis para os assinantes do plano Nintendo Switch Online, ao quebrar um destes blocos, Mario ou Luigi são ricocheteados para baixo com força, o que pode acelerar a sua gameplay. Porém, na versão Super Mario All-Stars de ambos os clássicos, ao golpear o bloco, os superirmãos entram no espaço vazio deixado por ele; e portanto, continuam subindo, caindo de volta lentamente. Isso faz com que o personagem tenha sua velocidade completamente "freada" durante uma corrida, tendo que recriar o impulso na próxima porção da fase.
Mas por que isso acontece?
Muitos acreditam que os desenvolvedores da Nintendo tenham trocado as bolas ao acidentalmente reverter a velocidade de impulso do Mario ao quebrar o bloco, mas isso parece improvável, devido aos códigos praticamente idênticos dos jogos originais que Super Mario All-Stars adota como legado. Esse fato curioso despertou o interesse de Yakumono (@luigiblood) do Retro Game Mechanics Explained (RGMechEx), que publicou uma investigação detalhada através do cohost.
Uma das primeiras metas de sua pesquisa era comprovar que a velocidade não havia sido, de alguma forma, revertida no remake. E para tanto, utilizou, como referência, o destrinchamento do código de Super Mario Bros. divulgado no GitHub pelo usuário 1wErt3r. E a partir dele, aprendemos que a velocidade do Mario quando atinge um bloco é definida pelo parâmetro #$FE, ou -2; no código, as métricas de velocidade representadas por números positivos sempre apontam para baixo, o que significa que o "-2" realmente jogaria o Mario para cima. O problema é que a velocidade é a mesma em ambas as versões do jogo!
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Uma força misteriosa na versão NES arremessa o Mario de volta para o chão • Imagem: Yakumono (LuigiBlood)/Retro Game Mechanics Explained via Reprodução/Nintendo |
Aprofundando-se ainda mais, Yakumono decidiu abrir os ouvidos para os efeitos sonoros que são reproduzidos ao quebrar um bloco. Na versão NES, existem dois barulhos bem conhecidos: o som do bloco quebrando, acompanhado do som da colisão do Mario quando bate a cabeça por baixo de um objeto. Isso foi crucial para que ele se aproximasse de uma conclusão mais concreta, desta vez, na região $0500 - $069F da memória de Super Mario Bros.
Ao avançar a animação frame by frame, é possível notar que, na versão NES, são necessários dois quadros para que o bloco desapareça; este segundo quadro seria a fonte do ricochete do Mario de volta para o chão. Nele, há um objeto sólido, misterioso e invisível com a função de interagir fisicamente com o personagem mesmo após a destruição do bloco. Presume-se, de primeira, que este objeto não exista na versão Super Mario All-Stars do jogo; mas isso também não está correto — o "bloco invisível" também está lá no remake.
Então, por que raios isso ocorre? Acontece que o efeito é interpretado de forma diferente no Super Nintendo justamente por conta da capacidade do console de processar mais tiles de uma só vez sem disparar glitches indesejáveis. Ou seja, na versão NES, no primeiro frame da animação, o objeto misterioso é escrito, e em um segundo frame, ele desaparece. Já no SNES, tudo acontece em um único frame — especialmente por não precisar do buffer de memória de vídeo (VRAM) —, o que faz com que o Mario não tenha a chance de interagir com o bloco.
E finalmente, é esta a chave para a física diferente dos blocos na versão Super Mario All-Stars de Super Mario Bros. e Super Mario Bros.: The Lost Levels.
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Entendi tudo enquanto fumava meu chosen
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