Amor & Ódio: Super Mario Sunshine

Todos amamos video games. No entanto, como diria o clérigo protestante e líder acadêmico Douglas Horton, o amor é um dom, enquanto o ódio é adquirido. Na concepção de muitos, Super Mario Sunshine, a tão aguardada aventura de plataforma do encanador lançada no ano de 2002 para o extinto Nintendo GameCube, é inigualável: completamente cativante, com controles aprimorados e design impressionante. Para outros, acredite ou não, o game não passa de uma grande mancha de sujeira impregnada na linha temporal da série Mario, a qual FLUDD algum conseguirá expurgar. E é nessa balança de julgamentos divergentes que trazemos a você, querido leitor, que também é responsável pelo arbitramento de Super Mario Sunshine, a mais nova edição do quadro Amor & Ódio do Reino do Cogumelo. Instructions complete. Proceed!

Amor: Uma Nova Aventura!

O GameCube marcou a primeira vez em que a Nintendo apostou em algo diferente para o lançamento de um novo hardware, abdicando de um jogo da série Super Mario principal a ser lançado junto ao console, de forma paralela. Ao invés disso, Super Mario Sunshine só chegaria às prateleiras aproximadamente um ano depois do lançamento original do GameCube. Desnecessário dizer a dimensão que tomou a ansiedade dos fãs pela chegada do segundo game em 3D do ítalo-americano bigodudo durante todo esse meio tempo. Finalmente, tornou-se possível o controle absoluto sobre Mario numa atmosfera livre, ampla e repleta de elementos, áreas e mecanismos para explorar como um verdadeiro entusiasta do universo dos video games.

Ódio: Os Visuais

Um dos — senão o — maiores defeitos de Super Mario Sunshine é certamente a sua apresentação com relação aos demais títulos da série. Por mais cativador e aderente que o jogo possa ser, especialmente com relação à jogabilidade, seu roteiro e atmosfera são certamente os mais difíceis de engolir. O design dos personagens, o clima exageradamente tropical do game e a obrigatoriedade de limpar a sujeira da escória da Ilha Delfino com bombas d'água são os fatores principais para nutrir a peculiaridade do jogo na boca da crítica. Court is now in session!

Amor: Diálogos

Ter uma péssima apresentação inicial não significa que a narrativa tenha se comprometido por completo. Todos sabemos o quanto os diálogos são escassos num jogo de aventura do Mario; talvez por um medo irracional de dar personalidade demais aos coadjuvantes a ponto de minguar a liberdade criativa dos desenvolvedores sobre tais personagens nos próximos games, nunca houve uma linha de diálogo tão clara num game de gênero plataforma do nosso herói de macacão. Graças ao nível de colóquio implementado nos personagens, pudemos ter uma noção mais ampla sobre o trabalho dos dubladores extraordinários Jen Taylor (Princesa Peach), Scott Burns (Bowser), Kit Harris (FLUDD) e Dolores Rogers (Bowser Jr. e alguns Piantas). Tudo isso sem mencionar, é claro, o espetacular Charles Martinet, que dispensa comentários. Let's-a go!

Ódio: A Dificuldade

Há quem reclame que os jogos do Mario são fáceis demais. Este alguém provavelmente se esqueceu — ou não deu a devida atenção, como na maioria dos casos — de Super Mario Sunshine. Com fases que sincronizam a mecânica do jogo com a distribuição de controles, você pode encontrar na aventura tropical de Mario pela Ilha Delfino o nível de dificuldade pelo qual você tanto esperava numa aventura do encanador. Até mesmo os jogadores mais experientes estão fadados a levar algum tempo até se acostumarem com os cruéis e implacáveis desafios impostos pelo game. Como diria o velho ditado, se você quer moleza, senta numa nuvem do Lakitu! Ou seria o bagel?

Amor: Yoshis

Pela primeira vez num jogo em 3D do encanador, o dinossaurinho favorito dos video games, Yoshi, teve um papel diretamente conectado à gameplay do jogo. Como era de se esperar, os pequeninos servem de transporte para Mario e ainda são a chave para a coletar vários Shine Sprites que não poderiam ser alcançados se não com sua ajuda. Para obter o Yoshi, bastava dar ao Ovo de Yoshi a fruta que ele mesmo requisitasse. Quem conhece os Yoshis dos tempos de Super Mario World certamente vai estranhar os nativos da Ilha Delfino; afinal, estes têm a capacidade de expelir rajadas de suco (que substituem as funções do FLUDD) as quais afetam os oponentes de várias formas diferentes, dependendo de sua cor. Outra diferença, tal como a única coisa que nos intriga ao longo desta aparição especial dos Yoshis, é o fato de que, mesmo nativos de um território tropical, eles são absolutamente incapazes de nadar. Yoshi?!

Ódio: Os Piantas

Ainda que ligeiramente diferentes, os Yoshis não deixam de nos cativar; já os Piantas de Super Mario Sunshine são potencialmente contrastantes com o sentimento. O que são os Piantas? Criaturas humanóides, sustentam um peculiar coqueiro no topo das cabeças, são incapazes de renunciar a uma saia hula como vestimenta principal e conseguem nos deixar fadigados perante a todos aqueles grunhidos, gestos e movimentos desgraciosos que se estendem completamente por sua sociedade e se estabelecem, firmes, como seu próprio estilo de vida. De longe, nota-se que a maioria dos Piantas têm um parafuso a menos — e chega uma hora em que todas essas momices e essa falta de presteza começam a nos dar nos nervos. And clean up those walls!! Now, slacker!

Amor: A Montanha-Russa

Quando uma versão titânica e robótica de Bowser Koopa aparece magistralmente no primeiro episódio de Pinna Park, o diretor do parque temático, mesmo que um tanto quanto confuso com relação à natureza dos eventos que o cercam, providencia ao encanador e sua fiel bomba d'água aquele que descreve como "um veículo de herói" — o que vem a ser, conforme revelado em fade in, um carrinho de montanha-russa. Num efeito de concentração que exige um bom senso de direção, controle absoluto sobre as ações do game e capacidade de formação de estratégias sob pressão, essa porção da aventura é certamente uma das sequências mais frenéticas, memoráveis e extasiantes de toda a série Mario.

Ódio: Poucos Movimentos

Talvez para dar mais lugar à mecânica variada do FLUDD, os movimentos do encanador poligonal são bastante limitados quando comparados ao seu antecessor, Super Mario 64. Claro, Mario ainda pode correr, pular, dar Ground Pounds, Wall Jumps e flips; mas double jumps e triple jumps? Pode esquecer. Um combo de socos e pontapés? Isso já era. E o famoso sidekick estilizado do bigodudo? Já não passa de memória. Em Super Mario 64, o corpo do Mario era uma máquina de jogabilidade, repleta de movimentos e opções diferentes preparados especialmente para guiar o jogador rumo ao sucesso, e tudo isso — FLUDD, tape os ouvidos! — sem a ajuda de máquinas para fazer o trabalho por ele.

Amor: Super Mario World feelings

Super Mario World é um dos nomes mais fortes da indústria do entretenimento interativo e certamente um dos games do Mario para jogar antes de morrer. Em Super Mario Sunshine, é possível redescobrir a conexão com o clássico, mesmo após 12 anos de diferença entre ambos os títulos. Você pode não perceber, mas Super Mario Sunshine carrega a essência de Super Mario World. Se o clima de férias, a mecânica das grades e a proeminência dada aos Yoshis não forem o bastante para que se concretize o vínculo, que tal o fato de que os dois jogos possuem várias versões de sua música-tema principal interpretadas de forma diferente? Ou ainda que ambas as jornadas possuem lugares batizados em homenagem a alimentos? Talvez Gelato Beach caia bem com uma calda de Chocolate Island...

Ódio: A Melancia Gigante

A lendária dificuldade de Super Mario Sunshine não seria a mesma sem uma dose exagerada de frustração. Para os jogadores e fãs do Mario, essa sensação de decepção muito mal recebida pelo sistema nervoso central pode ser definida por uma só imagem: uma melancia gigante. Em Gelato Beach, há um festival de entretenimento para nomear, em concurso, qual dos participantes possui a maior melancia das redondezas. Para completar o episódio 8 da missão, é obrigatório que Mario encontre o fruto gigantesco e o leve com segurança até o dono da cabana de surfe. Mover as melancias pelos obstáculos requer um nível sobrenatural de concentração, coordenação in-game e meticulosidade, já que os objetos são extremamente sensíveis a pressão. Quem diria que um dos maiores desafios do jogo não tem nada a ver com o Bowser?

You had enough?
Considerações finais: FLUDD, a companhia de Mario na jornada tropical em busca de Shine Sprites, não deu as caras e as boquilhas em nossa contrastante lista. Apesar de sua voz causar náuseas em muitos gamers por aí, o aparato tecnológico do Professor E. Gadd também tem uma legião de fãs. Em que categoria anexá-lo, afinal? Ame-o ou deixe-o! E obrigado, Osmar Lino, pela força!
Eduardo Jardim

Natural de São Paulo (SP), Eduardo "Pengor" Jardim é um criador de conteúdo, ilustrador e imaginauta. Criou o Reino do Cogumelo em 2007 e desde então administra e atualiza seu conteúdo, conquistando dois prêmios Top Blog e passagens pela saudosa Nintendo World.

21 Comentários

  1. Para mim Super Mario Sunshine só tem amor! Foi o primeiro jogo que eu joguei, tenho um carinho muito grande!

    ResponderExcluir
  2. Nunca joguei, mas seria interessante um dia jogá-lo pelo Virtual Console.

    ResponderExcluir
  3. nossa, esse jogo é o PIOR jogo da série "Super Mario"
    NUNCA essa porcaria vai chegar aos pés de um Super Mario 64, Super Mario Galaxy 1, Super Mario Galaxy 2 ou até mesmo do Super Mario 3D Land

    Miyamoto me decepcionou fazendo essa porcaria.
    jogo muito mal feito

    ResponderExcluir
  4. Também não tanto assim Facch Super Mario Sunshine Também trouxe seus momentos de alegrias para os jogadores...

    ResponderExcluir
  5. Gosto muito desse jogo, um dos melhores que joguei, acabei de zerar ele no Wii, demorei muito tempo para coletar as moedas azuis (Que deveriam ser citadas na categoria ÓDIO!!!), mas todo desafio da série Super Mario é sempre bem vindo!! Ele merece voltar no futuro Virtual Console Wii U!!

    ResponderExcluir
  6. não concordo nada com o facch. aposto que você nem jogou... achei que na verdade, todos os ódios foram um pouco forçados, por que eu gosto das coisas que puseram como ódio. Para mim Super Mario Sunshine só tem amor!2

    ResponderExcluir
  7. Nunca joguei, mas sempre tive vontade, espero um dia antes de morrer jogar esse pois todos os jogos da lista para jogar antes de morrer eu joguei.

    ResponderExcluir
  8. Gostei muito da música de quando Mario pega algum shine. Parece uma música de samba, que junto a temática tropical nos remete ao Brasil

    ResponderExcluir
  9. Amo este jogo!!!Mas até hoje não consegui passar da maldita Petey!!!É numa hora como essas que gostaria de ter um Memory Card de Game Cube pra por no Wii...=/

    ResponderExcluir
  10. Joguei inteiro, mas não gostei tanto, é extremamente difícil e irritante em algumas partes, as fases não tem um objetivo bem definido, apesar de há de se reconhecer que é extremamente bonito e bem feito.

    Mas não chega aos pés de Galaxy.

    ResponderExcluir
  11. Um dos melhores jogos que eu já joguei! Apenas atrás do Luigi's Mansion e do Wario World. Na minha opinião, o Super Mario Sunshine é muito melhor que o Super Mario 3D Land, sério mesmo, esse novo jogo não me atraiu muito, só as músicas e as fases, mas ele não passa de um Mario do NES 3D.

    @Facch Você já jogou o jogo, por acaso? Como ele pode ser ruim? Esse jogo é uma das melhores obras do Myamoto, e cai entre nós, em questão de dificuldade, o Super Mario Sunshine ganha de 10 a 0 do Super Mario Galaxy, jogue a parte da melância gigante ou a do Vulcão que você tem que movimentar o barco com o FLUDD, essa é uma das fases mais díficeis dos jogos, ficou em 9 lugar no Top 20 =D

    ResponderExcluir
  12. Pior Mario.
    Esse negócio de ter que dar fruta pro Yoshi é uma chatice, além de ser idiotice essa história de ele dissolver na água. E a dificuldade é confundida com encheção de saco, como aquela maldita estrela que tem que pegar uns barcos, ir a uma ilha com o Yoshi e depois pegar uma moedas em um rio - aquilo é a antítese da diversão e da boa jogabilidade.

    ResponderExcluir
  13. @Unknown Sinto pena de pessoas como você que não possuem habilidade hardcore. Sorry, Super Mario Sunshine é um jogo feito somente para os hardcores, não para os noobs ;)

    Aliás, o Super Mario Sunshine tem poucos movimentos para dificuldar ainda mais, ele não tem golpes e autas ajudas para que os noobs deem final no jogo ;)

    ResponderExcluir
  14. @Shadow Mario, é importante que você defenda seu ponto de vista sem atacar a opinião dos demais. Apenas fracos de espírito são incapazes de argumentar algo sem dividir os opinantes em categorias e rótulos.

    ResponderExcluir
  15. Não acho que o visual dos personagens seja motivo de ódio. Os personagens ficaram bonitos. E eu gostei muito do Fludd.

    ResponderExcluir
  16. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  17. esse jogo É ÓTIMO!!>..certamente quem diz algo RUIM a respeito nãoo pego ua ápoca de gamecube!!e seus lançamentoss muitos fodas!!!__HEYY CRIanças ..ESSE É UM DOS MELHORES GAMES DE MARIO!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  18. Os que falam que é o pior jogo do Mario é pq não jogaram direito. E se jogaram e falaram que é dificíl, não o culpo mas se o motivo do jogo ser chato é por causa da dificuldade...mano, na boa, se mata.

    Não é o melhor Mario, mas é um game que gente deve jogar até o fim! A parte mais legal foi que, o BOWSER FALA!

    ResponderExcluir
  19. ''Esse jogo é chato porque é difícil''
    Chato pela dificuldade? Mentira. Quase me matei de ficar jogando Super Mario Galaxy 2 (100%) e achei um dos melhores jogos que joguei, e o mesmo foi com esse jogo. Esse jogo é ótimo! Foi que nem SMG2: Apesar da dificuldade, dá vontade de jogar até o fim!

    ResponderExcluir
  20. Acabei de o encomendar pelo OLX mas gostavaa que nao fosse muito dificil

    ResponderExcluir
Postagem Anterior Próxima Postagem