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Imagem: Reprodução/Square Enix |
Uma das características mais marcantes do clássico Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars, game de 1996 para Super Nintendo, sem dúvida é a sua trilha sonora, que enriquece a experiência de jogo com temas cativantes que grudam na cabeça. Todos os temas memoráveis deste game foram fruto do trabalho magistral da célebre compositora japonesa Yoko Shimomura, que retornou com novos arranjos para suas músicas no remake Super Mario RPG, lançado para Nintendo Switch em 2023.
Não à toa, muitos fãs ficaram entusiasmados com o lançamento da trilha sonora de Super Mario RPG — tanto do original quanto do remake — em três edições físicas que aconteceu no Japão na última quarta-feira, 9 de abril.
Entrevistada recentemente pelo pessoal da Square Enix, a compositora resolveu revelar alguns detalhes de seu trabalho nas duas versões de Super Mario RPG, dizendo que está muito feliz pelo lançamento da trilha sonora em mídias físicas, que ela segurou pela primeira vez enquanto concedia a entrevista. Uma das primeiras perguntas foi sobre as suas raízes de game music, que remetem ao game Super Mario Bros. (NES). Shimomura diz que os desenvolvedores de Super Mario RPG não sabiam de suas raízes musicais, então foi uma coincidência ela ter sido chamada para o projeto.
Eu havia acabado de trabalhar em "LIVE A LIVE", e tinha algum tempo livre. Então eles me pediram para ficar a cargo da música para um novo projeto, que acabou sendo "Super Mario RPG". É claro, eu me juntei direto no time de produção.
Shimomura revela ainda que ficou intimidada ao arranjar música de games Super Mario clássicos para Super Mario RPG, e que foi ela mesmo quem sugeriu usar esses temas antigos no novo game. A compositora ressalta ainda as limitações técnicas do Super Nintendo na parte sonora, destacando os problemas que teve com o tema final do game.
Sim, eu me lembro quando estava compondo "Fun Parade, Cheerful Parade / There Goes the Parade" para o final, foi dito a mim, "nós não precisamos de mais efeitos sonoros no final, então você pode usar todas as faixas disponíveis para música." Então eu fui com tudo — mas mais tarde, eles me disseram que precisavam adicionar o efeito sonoro dos fogos de artifício! Isso me deu um pânico.Especialmente com o som de piano usado no tema final. Era preciso muita memória para recriar um som realista de piano, mas eu também queria usar outros instrumentos. Eu tive que ajustar cuidadosamente a alocação de memória enquanto fazia o meu melhor para fazer isso se parecer com um piano real. Eu continuava dizendo a mim mesma, "isso é um piano! Isso é um piano!", enquanto estava trabalhando nisso.
Falando sobre a maior liberdade de criação no Nintendo Switch, que obviamente não possui as mesmas restrições sonoras do Super Nintendo, Shimomura diz se sentir afeiçoada à sonoridade única do antigo console, ainda que ele possuísse muitas limitações.
Eu pessoalmente tenho uma profunda afeição pelo som único do Super NES, mesmo tendo sido criado com limitações. Embora eu possa agora criar meu som ideal de piano no remake, eu não o vejo substituindo o original, mas sim como duas interpretações igualmente válidas.
A compositora relata ainda ter enfrentado conflitos internos ao balancear instrumentos ao vivo e som digital no remake de modo que o game não perdesse sua essência.
Mesmo para as faixas orquestradas, eu decidi não fazer um arranjo totalmente orquestrado. Ao invés disso, eu apenas gravei os instrumentos necessários conforme era preciso.Mas, no começo, eu estava tão focada em recriar as memórias de todos, que eu fiquei muito apegada ao original, fazendo os arranjos parecerem muito retrô ou desordenados. Houve muitos conflitos internos e reviravoltas. Diferente do chiptune, o Super NES tinha suas próprias características sonoras. Simplesmente atualizar isso com instrumentos reais nem sempre funcionava. Alguns dos sons originais tinham qualidades únicas que não podem ser recriadas com instrumentos modernos ou bibliotecas de som... No começo, eu estava bem incerta sobre como proceder.
Sobre o desafio de replicar os sons únicos do Super NES no remake de Super Mario RPG, Shimomura diz que foi tudo um processo de tentativa e erro, destacando um tema em particular, "Battling Bowser", no qual teve dificuldade de encontrar o instrumento certo para a gravação.
Eu tive muita dificuldade em encontrar o instrumento certo para "Battling Bowser", mas durante a gravação do solo de violino, eu tive uma súbita compreensão — "E se o violino tocar a melodia?". Eu imediatamente pedi para o performer tentar, e encaixou perfeitamente.
Perguntada sobre as faixas ritmicamente dinâmicas de Super Mario RPG, Shimomura afirma que teve de encontrar soluções criativas para executar a percussão que desejava, resultando em ritmos não convencionais para o game. A tecnologia mais moderna de som do Nintendo Switch eliminou esses problemas, no entanto foi preciso cuidado para manter o ritmo único do game original.
A respeito da trilha sonora de Super Mario RPG também estar sendo lançada em vinil, Shimomura diz ter memórias afetivas de infância com o formato, que tem um lugar especial no seu coração.
Com o vinil, o som está fisicamente gravado no próprio disco. Nosso tocador de discos tinha um braço tonal manual, então eu prendia a respiração e cuidadosamente baixava a agulha. Primeiro vinha aquele gentil estalo, e então minha música favorita começaria a tocar — era uma experiência tocante. O processo de ouvir o vinil faz você sentir que realmente está se conectando com a música, e eu amo isso. Eu espero que muitas pessoas experimentem isso, também!
Shimomura diz que é graças às vozes apaixonadas dos fãs que a trilha sonora de Super Mario RPG foi finalmente lançada, esperando que ela toque o coração de todos, e pedindo para que os fãs a ouçam muitas vezes. Você pode conferir a entrevista completa (em inglês) da compositora à Square Enix clicando aqui.
O que achou das revelações feitas por Yoko Shimomura, leitor(a)? Tem alguma música preferida em Super Mario RPG? Comente!