
Em recente entrevista ao jornal francês Le Monde, Kotabe relembra que seu trabalho na indústria da animação, mais especificamente na Toei Animation em animes como Heidi — transmitida no Brasil em 1977 na Rede Tupi e reexibida pelo SBT nos anos 80 —, foi um importante fator para que seu conhecido Hiroshi Ikeda lhe convidasse a integrar a equipe da Nintendo num encontro casual numa cafeteria. Ikeda era na época o gerente da Nintendo EAD, que viria a ser uma das principais divisões da companhia responsável pelos jogos da série Mario.
Apesar de não saber muito sobre jogos eletrônicos, Kotabe aceitou a proposta da mesma forma, tanto por sentir-se frustrado e estagnado como um freelancer quanto por Ikeda tê-lo convencido de que os video games se aproximavam cada vez mais da indústria de animação e passaram a exigir o conhecimento prático de especialistas da área.
A princípio pretendendo trabalhar para a Nintendo por um tempo estimado de um a dois anos, Kotabe acabou encontrando em Super Mario Bros. (NES, 1985) desafios antigos com os quais o mundo da animação tentou lidar até eventualmente desistir, como movimentos preparatórios e simulação de inércia. Hoje, Kotabe ainda acredita que os jogos passaram a assumir aquilo do qual a indústria de animação já estava se esquecendo.
A carreira de Kotabe na Nintendo durou surpreendentes 21 anos, até ter saído da empresa em 2007. O último jogo da série Mario em que o nome de Kotabe aparece nos créditos foi WarioWare: Smooth Moves (Wii, 2007), somando um total de 40 jogos da franquia nos quais trabalhou.
Via Le Monde