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Imagem: Grant Kirkhope • Via Nintendo Life |
Um dos compositores mais importantes dos videogames da Rareware entre as décadas de 90/2000, o britânico Grant Kirkhope narrou em entrevista exclusiva ao Nintendo Life sobre a avassaladora sensação de ser escalado para compor músicas para um jogo do Mario.
A lembrança remonta a produção de Mario + Rabbids Kingdom Battle, o game tático, turn-based e crossover entre as propriedades intelectuais da Nintendo e da Ubisoft. Kirkhope também é muito reconhecido como autor de trilhas sonoras emblemáticas, como as da série Banjo-Kazooie, além, é claro, do DK Rap, tema de abertura de Donkey Kong 64 (1999) pelo qual, tristemente, não foi devidamente creditado em Super Mario Bros. O Filme.
Em 2017, Grant foi convocado para trabalhar em um game dos Rabbids — mas parece que esqueceram de deixá-lo a par de uma informação crucial: que o título também era um jogo do Mario.
Naquele Natal, eu recebi um e-mail de Gian Maco Zanna por meio do LinkedIn, da Ubisoft Milan, dizendo: 'caro Sr. Kirkhope, temos um jogo para o qual achamos que você pode ser ótimo. Você tem interesse?'. Eu não fazia ideia do que era. O tempo passou, assinei o acordo de não divulgação e [o jogo] se chamava Rabbids Kingdom Battle. Eu já conhecia os Rabbids porque meus filhos assistiam aos desenhos animados, eram personagens engraçados. Eu sinto que são como os Minions, simplesmente malucos. Então, pensei, 'será um jogo divertido de fazer'.Eles disseram, 'vamos levá-lo para Paris para conhecer os caras da [Ubisoft] Milan'. Voei até Paris e nos encontramos lá: Davide Soliani, o diretor de áudio Romain Brillaud e o produtor executivo Xavier Manzanares. Eles me conduziram pelo prédio até a sala dos fundos onde estava a equipe, tudo pelas portas de segurança. Eu pensava, 'isso é um pouco exagerado para um bendito joguinho de batalha dos Rabbids'.
Ao chegar à sala de reunião, Grant reparou que a televisão do local exibia uma imagem do Mario, o que lhe causou grande estranhando à primeira vista.
Eu pensei, 'ah, eles provavelmente devem ter ficado entediados, estão jogando algum jogo do Mario'; já era um pouco tarde. E o Davide dizia: 'vou te mostrar o jogo, então'. E começava com o Mario. 'O que é isso?', 'É um jogo do Mario. Ninguém te falou?'. E eu, instantaneamente, me borrei todo.Eles nunca me disseram que era um jogo do Mario. Eles me disseram, 'você ficou quieto o tempo todo, achamos que não gostou do jogo', porque eu estava pálido. Cansado da viagem, pálido e pensando, 'como é que eu vou escrever músicas para um jogo do Mario? Koji Kondo é o mestre Jedi. Eu sou só um Padawan. Não é possível, eu não posso trabalhar nesse jogo'. Eu pensava, 'vou ter que dizer, desculpa, pessoal. Eu não consigo. Não vai ser possível para mim'.
As inseguranças de Kirkhope começaram a diminuir quando, logo na viagem de volta, ele escreveu a primeira sequência musical que considerou adequada para o título — e ao enviá-la para os responsáveis, obteve um retorno muito positivo. A partir daí, como ele mesmo o descreve, "o resto é história".
Mario + Rabbids Kingdom Battle foi lançado para Nintendo Switch em 2017. Grant Kirkope volta a integrar a equipe de composição de sua sequência, Mario + Rabbids Sparks of Hope, agora ao lado de Gareth Coker e Yoko Shimomura.
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