Autor do livro Console Wars fala sobre racismo dos EUA contra o Japão enfrentado pela Nintendo no passado

Empresas tipicamente japonesas como Nintendo e Sega - mas especialmente a Nintendo - encontraram muitas dificuldades para estabelecer seus consoles na América no início da década de 90. Isso aconteceu em um dos muitos períodos sombrios da história dos Estados Unidos, que na época estavam em guerra contra o Iraque, um conflito que ficou conhecido pelo nome de Desert Storm (Tempestade no Deserto). Os EUA pediram o apoio financeiro do Japão para ajudá-los a vencer a guerra, mas não foram atendidos. O sentimento anti-japonês então aumentou consideravelmente entre os americanos, que já eram de certa forma encorajados a rejeitar os produtos nipônicos. É isso que revela Blake J. Harris, o autor do livro Console Wars - que envolve a rivalidade entre Nintendo e Sega pela liderança do mercado de games nos anos 90 - em entrevista concedida ao site US Gamer.

Havia um forte sentimento anti-japonês na América aquela época. As pessoas eram quase encorajadas a rejeitar o Japão, e depois que eles não financiaram os Americanos no conflito Desert Storm, isso ganhou novas proporções. E o fato de que eles estavam comprando muitas corporações e companhias americanas, como a Sony fazia -- e com a Nintendo adquirindo o Seattle Mariners [time de beisebol] -- isso realmente ilustra bem o contexto dessa era.

Além disso, eu usei isto como uma boa oportunidade de mostrar a versão da Nintendo nesta história da aquisição do Mariners, sobre o qual 90% do país estava em disputa, e acharam que era ridículo que o Japão estivesse roubando o passatempo americano. A Nintendo teve uma motivação bastante filantrópica por trás desta aquisição, então eu espero que eles consigam alguma "retro-simpatia" lá. E vale salientar que a Nintendo, até mesmo por seu DNA corporativo, tende a fazer o que acha certo, e não se preocupa muito com o que a imprensa vai falar. Eu não acho que a Sega teria seguido esse caminho, já que eles eram muito mais focados na opinião pública, agindo de acordo com a opinião pública.

Eu acho que a Nintendo perdeu muito apoio porque eles eram a "companhia Japonesa gigante e má", enquanto a Sega de certa forma não o era -- embora eles também fossem uma companhia Japonesa. Mas eles se pareciam com uma companhia Japonesa não-Japonesa por alguma razão.

É interessante notar como até hoje a Nintendo é vista como uma empresa essencialmente japonesa, enquanto algumas de suas principais concorrentes, como a Sega no passado, e a Sony atualmente, embora também tenham se originado no Japão, são vistas de certa forma como companhias Japonesas não-Japonesas, como na expressão mencionada por Blake J. Harris. Você acredita que este sentimento anti-japonês dos americanos no início da década de 90 ainda influencia de certa forma o desempenho da Nintendo atualmente na América? Comente, leitor(a).

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