As mulheres amam o Mario

Uma história de amor sobre um homem, uma mulher... e Super Mario Bros. 3. Sim, isso aconteceu de verdade, e é uma história de aquecer o coração! Se não estiver muito ocupado sendo durão e macho, continue lendo essa matéria. É só mais uma prova do quanto os video games podem reunir as pessoas. Com vocês, Gerald Villoria.

Minha esposa não joga video games. Ela simplesmente não se interessa por eles. Já que jogos são o meu trabalho assim como o meu hobby, eu tentei vez por vez deixá-la interessada, mas isso simplesmente não aconteceria. Você não acreditaria por quantos jogos eu tentei fazer com que ela se interessasse.

Ela não quer jogar Puzzle Quest. Halo 3 e Call of Duty 4 são aqueles "jogos de carregar arma" que deixam ela acordada de noite. Nintendogs? Temos um cachorrinho de verdade, e a versão do DS não te dá beijinhos molhados. Cooking Mama? Se ela não cozinha na vida real, com certeza não jogaria um jogo de culinária. Algo era murmurado sobre feminismo, sobre usurpar papéis dos gêneros.

O mais perto que ela chega de gostar de um jogo é Rock Band. Bater nos tambores músicas populares não é como jogar qualquer outro tipo de jogo. Nem todo mundo joga video games, mas todo mundo joga Rock Band. É especial desse modo. Ela também diz gostar de "bater em coisas", o que me assusta mais do que um pouco.

De acordo com ela, eu não deveria me sentir ofendido por sua falta de interesse. Seria como se ela tentasse me deixar interessado em compras de sapatos ou maquiagem. Acredite em mim, eu tentei, mas é difícil esboçar interesse nos produtos de Charles David ou na linha de Sephora.

As coisas são diferentes agora, apesar disso. Agora minha mulher é uma jogadora de console. Tudo mudou quando ela redescobriu Super Mario Bros. 3.

Quando meu sócio Bryn Williams recentemente partiu com sua família para a Inglaterra, ele legou em testamento sobre mim seu precioso Super Famicom, junto a uma coleção incrível de lançamentos japoneses. Estamos falando de um verdadeiro tesouro: Chrono Trigger, Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting, F-Zero, Super Metroid, The Legend of Zelda: A Link to the Past, Super Mario World, Super Mario Kart, um monte de coisas incríveis. Estes eram alguns dos jogos padronizadores da era 16-bit e títulos que dominam qualquer discussão de melhores jogos de todos os tempos. Quando trouxe para casa a grande caixa de jogos, fui presentado com o olhar zombeteiro que conheço muito bem. Significa algo entre as linhas de "ah, você está trazendo mais tralha pra dentro de casa?". Você não acreditaria em como foi difícil achar um lugar na casa para colocar aquele capacete do Master Chief. Enquanto eu tentava explicar o quão incrível essa coleção era, ela não parecia entender. Pelo menos não até eu ter ligado o sistema e ter encaixado Super Mario All-Stars.

"Mario?", ela perguntou.

"Sim, este jogo tem Mario Brothers 1, 2 e 3", eu respondi, inocentemente. "Me dê o controle. Eu quero jogar", ela mandou.

Antes de encontrá-la, minha esposa ainda não tinha jogado um videogame desde que era criança. Ela explicou que seus pais não compravam muitos video games, mas ela tinha um NES original com três jogos: o original Super Mario Bros., Duck Hunt, e Super Mario Bros. 3. De acordo com ela, SMB3 era sua paixão durante todos esses anos formativos. Ela o jogaria numa televisão pequena, espalmando a tela sempre que acidentalmente caísse num buraco ou corresse contra um Bullet Bill.

Depois de aproximadamente vinte anos, ela ainda sabia o tema de abertura de SMB3 de cor, e o catarolava. Ela estava enferrujada, mas o amplo olhar em seus olhos e o sorriso em seu rosto falavam tudo. Não era apenas nostalgia que ela estava experimentando, Super Mario Bros. 3 é um jogo incrivelmente divertido, até mesmo aos padrões de hoje em dia. A mecânica do jogo é perfeitamente harmoniosa, os power-ups diferentes são balanceados e todos têm seu papel definido claramente, e o design das fases ainda é inventivo e esperto.

Artisticamente, um jogo desenvolvido numa plataforma 8-bit não tem muita coisa a mostrar. O truque está em como Shigeru Miyamoto e a companhia fizeram mais com menos. Olhe ao primeiro mapa geral, e observe os bosques dançantes. Seus pequenos olhos e movimentos são tão expressivos, dizendo a você bem ao começar o jogo que você está prestes a se aventurar num mundo que consegue ser bem mais bonito e colorido do que o nosso, até mesmo com sua palheta limitada.

A começar pelo desafio daquele primeiro Goomba no mundo 1-1, Super Mario Bros. 3 gradualmente introduz novos truques, habilidades e inimigos conforme você joga, até que você se torna um mestre de arremesso de bolas de fogo, de desvio de inimigos marinhos, de chute de cascos e de chegar aos céus com o Tanooki Suit. Você nunca está em prejuízo sobre como usar qualquer uma dessas habilidades, já que os controles são sublimemente simples e intuitivos. Os jogos de hoje ficaram mais complexos e são orneados com características, mas podemos sentir falta de algo muito melhor o qual tínhamos há muitos anos atrás.

Poucos jogos são tão aproximáveis dos novatos como SMB3, ao mesmo tempo oferecendo um desafio aos jogadores de longa data que buscam segredos ou correm através das fases. É raro encontrar um balanço tão incrível entre simplicidade e profundidade.

Após algumas horas de jogo, e anos de prática perdida, ela se sentiu vítima da temível Nintendinite. Isso nos contou que nossa maratona de SMB3 teria que terminar, desligamos o sistema e fomos para a cama. Eu estava cansado, mas pude escutá-la inquieta, então perguntei o que havia de errado.

"Mario!", ela gritou, e com isso, fugiu para o outro cômodo. A trilha sonora de Super Mario Bros. 3 foi tudo o que eu pude escutar enquanto me desgarrava para dormir.

Apesar de minha esposa não estar jogando qualquer outro jogo atualmente, eu sou agradecido a Super Mario Bros. 3 por permitir a ela que mais uma vez experimentasse a diversão que pode se obter com um controle nas mãos. Talvez algum dia possamos jogar Super Mario Galaxy juntos, e o círculo ficará completo.
Eduardo Jardim

Natural de São Paulo (SP), Eduardo "Pengor" Jardim é um criador de conteúdo, ilustrador e imaginauta. Criou o Reino do Cogumelo em 2007 e desde então administra e atualiza seu conteúdo, conquistando dois prêmios Top Blog e passagens pela saudosa Nintendo World.

2 Comentários

  1. Fiquei feliz. :) Tenho SM All Stars aqui (em cartucho mesmo), deu muita vontade de jogar. Vi em algum blog outro dia um cara que pediu a mulher em casamento hackeando Chrono Trigger. Ele mudou um lugar do jogo, enchendo-o de lembranças do casal.
    Muito legal o blog, parabéns!

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  2. Obrigado!
    Ah, coisas assim são altamente românticas!

    Boo bye!

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