Mario desafia a gravidade... e vence!

A história dos videogames se confunde com a história de um baixinho de bigode, chapéu vermelho e macacão azul chamado Mario. Com "Donkey Kong", ele ajudou a inaugurar os jogos conhecidos como de plataforma ainda no início da década de 1980. Menos de cinco anos depois, com "Super Mario Bros.", popularizou a perspectiva de rolagem lateral dos games 2D e - além de salvar a Princesa Peach ao final do jogo - resgatou a indústria dos games de uma crise econômica sem precedentes até então. Transformado em embaixador oficial da Nintendo, o personagem tomou a frente nos lançamentos dos próximos consoles da fabricante japonesa e, em 1996, tornou a romper paradigmas com a chegada de "Super Mario 64", um dos primeiros a permitirem a livre exploração do espaço dos games em três dimensões.

Agora, mais de dez anos e dois novos consoles depois, o herói da Nintendo está de volta com uma proposta mais ousada do que nunca: desafiar as leis da gravidade. Em "Super Mario Galaxy", recém-lançado para o videogame Wii, os "mundos" que o jogador estava acostumado a visitar ganharam o status de "galáxias" - 42 no total - e estas, por sua vez, foram divididas em miniplanetas e asteróides, que Mario pode explorar de norte a sul, de leste a oeste, como se fosse um Pequeno Príncipe do universo dos games.

De ponta-cabeça

Bastante semelhante a "Mario 64" no que se refere a movimentação das câmeras que acompanham o personagem e mesmo em itens e personagens que o jogador encontrará ao longo da aventura, "Super Mario Galaxy" leva ao limite (mesmo!) a noção de espaço 3D inaugurada pelo antecessor. Com uma intensidade capaz de deixar com torcicolo quem joga, Mario está sempre mudando de posição e sentido na tela: ora caminhando em pé, ora deitado, de ponta-cabeça ou na diagonal. Para passar de um planetinha a outro, serão necessários até alguns saltos no "vazio", mas que, dependendo da força da gravidade no local, podem acabar lançando o herói de encontro a um buraco negro e à perda de uma vida.

Estranho a princípio para quem olha de fora, controlar Mario nessas constantes mudanças de perspectivas é mais fácil e intuitivo do que se poderia imaginar. Com o nunchuk - acessório com uma alavanca analógica e dois botões - movimenta-se o personagem de um lado para outro na tela, e com o wiimote - o controle principal do Wii, sensível a movimentos - na outra mão, acionam-se os comandos de pulo e de ataque, dando um rápido chacoalhão no dispositivo.

Em outros momentos do jogo, como nas fases bônus, o wiimote pode ganhar novas funções: em uma delas, funciona como uma alavanca de joystick para equilibrar Mario sobre uma bola de vidro, em outra deve ser deitado para a esquerda e a direita para manobrar uma arraia gigante sobre um canal de água, em outra ainda serve para esticar o elástico de um estilingue capaz de arremessar o personagem para bem longe. O "controle remoto" do Wii também deve ser usado para recolher as centenas de "star bits", pequenas pedrinhas coloridas espalhadas pelo universo do game, que garantem, entre outras coisas, vidas extras ao jogador.


Honra à tradição

Mas por mais inovador que possa parecer em muitos momentos, "Super Mario Galaxy" jamais perde de vista as mais de duas décadas de tradição e referências da carreira do bigodudo e das criaturas do Reino do Cogumelo. Mesmo que em menor quantidade, as caixas de interrogação suspensas que escondem moedas e outras supresas estão lá; assim como os canos verdes que transportam Mario de uma sala para outra, os pés de feijão gigantes e, claro, os cogumelos mágicos conhecidos no jargão dos videogames como "power-ups". Desta vez, além dos tradicionais poderes de invencibilidade e de soltar bolas de fogo, o herói pode também voar, esquiar no gelo, saltar grandes alturas com o auxílio de uma mola, se transformar em fantasma e em abelha. Um último cogumelo permite aumentar temporariamente a energia de Mario de três para seis barrinhas até que se sofra novos danos.

E é nessas horas que "Galaxy" mantém a coerência - e com ela a facilidade de aprendizado - em relação aos títulos anteriores da série "Super Mario". Por mais que, desde o jogo para 64, as plataformas, obstáculos e inimigos venham migrando para a terceira dimensão, ganhando volume, profundidade, contornos e cores mais vibrantes, eles continuam como elementos fundamentais na construção da lógica do jogo. Deparou-se com um inimigo desconhecido? Pule sobre a cabeça dele. Precisa derrotar um chefe de fase? Acerte-o por duas ou três vezes seguidas. A parede é alta? Escale...

Unanimidade

Apesar de necessitar de pelo menos 20 horas até coletar o número mínimo de estrelas (de um total de 121) para se chegar ao final, "Super Mario Galaxy" não é exatamente um jogo difícil. Embalado nos gráficos mais bem acabados que o novo console da Nintendo já foi capaz de oferecer até agora, numa trilha sonora orquestrada que revisita alguns dos clássicos do repertório "mariano" e num roteiro fofinho que pode agradar crianças e adultos, o game tem todas as características para, assim como "Super Mario Bros.", "Super Mario World" e "Super Mario 64" fizeram antes, conquistar uma nova legião de fiéis nintendistas para o Wii.

Na verdade, isso já está acontecendo: em menos de um mês do lançamento oficial do título, "Super Mario Galaxy" vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo. Na lista do site Game Rankings, que agrega as resenhas dos principais veículos do jornalismo internacional de games, "Super Mario Galaxy" é o segundo título mais bem avaliado de todos os tempos, apenas 0,1% atrás de "The Legend of Zelda: Ocarina of Time", outro clássico do Nintendo 64."

Por Diego Assis
Do G1, em São Paulo
Notícia original
Jardim

Um pouco.

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